quinta-feira, 29 de março de 2007

As transformações técnico-científicas 2ª parte

As transformações técnico-científicas, econômicas e políticas. 2ª parte

As duas tendências atuais do capitalismo têm orientado os projetos de sociedade, de educação e seleção de indivíduos. A primeira posição, concorrencial, possui o paradigma da liberdade econômica, da eficiência e da qualidade, e tem as seguintes características:
- livre-concorrência
- fortalecimento da iniciativa privada
- sociedade aberta e educação voltada para as exigências do mercado
- formação de elites intelectuais
- seleção dos melhores, baseada em critérios de aptidões e capacidades.
A segunda posição, estatizante, que apresenta o paradigma da igualdade, objetiva:
- uma economia administrada pelo Estado
- promoção de políticas de bem estar social
- permitir o desenvolvimento igualitário de aptidões e capacidades, por meio da educação.
A primeira tendência assume a hegemonia na sociedade capitalista da Segunda Guerra Mundial até a primeira metade da década de 70, quando começa a decair. A segunda (neoliberalismo de mercado) alcança seu ponto forte nos governos de Ronald Reagan e Margareth Thatcher. Entretanto, há sempre uma tensão histórica entre as duas tendências.
O paradigma da igualdade, com raízes antigas, ainda na Grécia, adota o estatismo como forma de assegurar a sociedade com condições materiais de existência com certa igualdade. Prevê-se neste paradigma uma democracia de representação (voto direto) e a universalização do ensino, como tentativa de promover o desenvolvimento global e igualitário dos indivíduos.
O paradigma da liberdade econômica, da eficiência e da qualidade, com origem no modo de vida burguês-liberal, requer um mercado livre (auto-regulável), com livre competição numa sociedade aberta. Por isso a eficiência e a qualidade são condições para a sobrevivência no mercado. Este paradigma procura limitar as ações do Estado, inclusive na área de educação, desejando transferi-la para a iniciativa privada, que busca a eficiência. Ao acreditar que universalização do ensino e qualidade deste ensino aparecem como antíteses, busca tornar o sistema de ensino competitivo.
Devido às necessidades modernas da nova cultura tecnológica, os dois paradigmas parecem se unir no que diz respeito ao ensino fundamental, já que a competitividade instalada na sociedade, ao exigir o desenvolvimento dos recursos humanos, atribui papel central à educação – “educar para produzir mais e melhor”. Todavia, há nova tensão ao verificarmos que o neoliberalismo de mercado procura desabrigar o Estado da educação pública, questionando até mesmo a relevância social das universidades públicas, que para sobreviver, deverão corresponder aos desafios do mundo atual.
Portanto, o quadro contemporâneo mundial impõe a necessidade de uma reestruturação educativa como forma de corresponder às exigências da sociedade tecnológica e capitalista.